Volte Face
A Princesa vai ser internada outra vez.
Sem que nada o desse a entender, a doença regressou.
Afinal a Princesa nunca esteve tão bem, tão bem disposta, tão feliz, a alimentar-se tão bem, a brincar com tanta energia.
Nas aulas que tem em casa é atenta, interessada, perguntadora.
Se não são os exames que faz com regularidade, estaríamos, incluindo o médico que a acompanha, a acreditar que estaríamos num mau sonho, e que amanhã acordávamos e tudo estaria bem.
Mas não.
Voltamos a um limbo que ainda nem sabemos bem como lidar. Sentimo-nos num vácuo latejante.
A doença voltou, hipócrita, devagarinho, escondida, sem fazer alarido.
Voltam o cateter, os internamentos e a incógnita.
Sem certezas de nada a não ser a nossa força de continuarmos a acreditar na cura.
A nossa Princesa, como sempre, aborda mais este tropeção com a bravura que a nós, os supostos adultos, nos faz inveja.
Uma vez mais, volta a ser ela a dar-nos forças, a ensinar-nos como fazemos das tripas coração.
Enquanto escondemos o desalento, ela presenteia-nos com uma dança, uma canção, uma gargalhada estridente.
Vamos vencer mais esta etapa.
Não poderia ser de outra maneira.
Injusto? Claro que sim. Mas mais injusto seria não Acreditarmos na Cura da nossa Princesa.
NÓS ACREDITAMOS NA CURA. SEMPRE!