AUSENCIA
Sinto a tua falta
Nas pequenas coisas que fazemos
Há sempre algo que me faz lembrar de ti.
O pormenor que inventavas na altura
Para dar mais côr à brincadeira
Qu estavamos a fazer,
O improviso da canção
Que te saía sem grande esforço.
A vida ao pé de ti
Tinha de ser diferente.
Tinha de ter aquela alegria,
Aquele sorriso especial
Que em ti era tão natural.
O improviso que acontecia
Sempre que o Mundo se abria
À tua impresssionante magia.
Sinto falta de ti
Como se sente falta
Da água que nos mata a sede
Ou do pão que nos sacia a fome.
Sinto falta de ti
Como de um remédio miraculoso
Que nos cura aquela dor
No joelho que foi operado.
Foi um privilégio poder
Gozar todo este curto tempo
Da tua companhia,
Da tua maneira diferente de ser,
Do teu modo de estar no Mundo
Em que tantas vezes sofrendo
A tortura dos tratamentos
Soubeste sempre dar sentido
À vida de cada um de nós.
Lá onde estás agora
Vais conseguir com certeza
Inventar tudo aquilo
Que não houve tempo
De criar aqui junto de nós.
Vais conseguir atingir a perfeição
Do que já era perfeito.
Interpretar os teus teatros,
Cantar as tuas canções favoritas.
Lá onde quer que estejas
Sê MUITO FELIZ,
Goza cada momento
Como se não houvesse
Mais nenhum a seguir,
E não te esqueças de todos nós
Que aqui vamos chorando
Cada um à sua maneira
A dor da tua ausência,
Que não terá nunca fim.
Do teu Pai que te continua a amar muito
Algures no Gerês,
aos 8 de Setembro de 2012