Inscreve-te como Dador de Medula Óssea

Principais Condições para seres Dador:
- Ter entre 18 e 45 Anos /Peso mínimo de 50Kg /Ser saudável/ Nunca ter recebido transfusões
O que se faz na incrição de Dador:
- Apresentar B.I/cartão de Cidadão/Preencher formulário disponível no local/Pequena colheita de sangue (20ml)
Nota: Não necessitas de estar em jejum
Locais onde podes doar:
CENTRO DE HISTOCOMPATIBILIDADE DO NORTE
(2ª a 6ª feira das 9h às 17h30,sem interrupção de hora de almoço)
R. Dr. Roberto Frias (Pavilhão Maria Fernanda)
4200-467 Porto /Tlf. 22 557 34 70
CENTRO DE HISTOCOMPATIBILIDADE DO SUL
(2ª a 5ªfeira das 8h às 16 horas, 6ªfeira das 8h às 15 horas)
Alameda das Linhas de Torres, 117
1769-001 Lisboa / Tlf. 21 750 41 00
CENTRO DE HISTOCOMPATIBILIDADE DO CENTRO
Praceta Professor Mota Pinto, Apartado 9041
3001-301 Coimbra / Tlf. 23 948 07 00
Para mais informações, podes enviar um email para: carmenzitapine@hotmail.com

sexta-feira, 30 de março de 2012

Sejam DADORES DE MEDULA e deixem-se de tretas!!!

Tenho 7 anos e desde os 4 que conheço este hospital.
Desde a primeira vez, fiz tratamentos de quimioterapia, muitas vezes, tantas que nem sei.
Vivi grande parte destes anos num quarto 4x4 onde ao longe, consoante o quarto que me destinam, posso ver bem lá ao fundo um bocadinho de mar.
Outras vezes nem isso.

Da primeira vez, sempre que fui a casa, era como se tivesse que aproveitar o tempo todo duma assentada. O tempo que lá estava era curto, muito curto.

Depois de muitos meses, quase um ano, fiz um transplante. Um dador que nem sei o nome deu-me esperanças de vida.
Passei pela queda do cabelo, pelas dores de barriga, pelas febres, pelas diarreias, pela falta de apetite.
Dessa primeira vez, lembro-me que tive muitas aftas na língua.
Mesmo quando em alguns momentos a fome me vinha, não conseguia comer, tantas eram as dores que sentia.

O dia que voltei a casa foi duma alegria muito alegre, duma felicidade muito feliz, dum contentamento muito contente.
.
Aos poucos fui ganhando forças, mas nos entretantos, tive que ser internada: um bichinho no cateter que não me deixava descansada.

Consegui ainda assim, sempre com consultas periódicas, ter uma vida minimamente normal. Passei fins de semana fora de casa e até consegui estar de férias. Apesar de não poder ir à escola, tive uma professora que me ensinou as primeiras letras e os primeiros números. Brinquei com os meus amigos. 

Senti a minha alegria na alegria que via na família.

Quando nada o fazia prever, depois de um mais um ano em que tudo parecia seguir o melhor caminho, aqui estou eu de volta outra vez a repetir toda esta parte menos boa que já conhecia.

Felizmente as células malignas foram detectadas logo no inicio. Felizmente o meu dador inicial, tinha-me dado muitas células e muitas delas estavam ainda bem guardadinhas.
Assim voltei a fazer mais um transplante.
Mais quimioterapia, queda de cabelo, febres altas, comichões insuportáveis, o corpo inchado e a melancolia de querer voltar a casa.

Aprendi palavras e frases que a maioria dos meus amigos da mesma idade que eu, desconhecem: cateter, mielograma, tirar sangue, ver as tensões, seringas. Tenho-me tornado grande mesmo continuando pequenina.

Agora os valores de sangue estão bons, a medula começou a dar sinais de vida, mas a doença do hospedeiro, que apesar de eu não entender, é bom, deixou-me algumas mazelas no aparelho digestivo.
Isso quer dizer que está tão ferido que não consegue ‘mastigar’ a comida. Tive por isso enjoos e ‘gomitos’ e noites muito mal dormidas.
Tive que começar a comer por um saquinho. Eu até nem me chateio porque a vontade de comer não é nenhuma.

Tenho estado tristinha, sem conseguir inventar brincadeiras que me possam transportar para lados diferentes onde possa sentir um pouco de alegria. Deve ser por isso que durmo muito. Para ver se nos sonhos encontro uma portinha que me possa levar até casa, nem que seja só por um bocadinho.

Agora estou a começar a comer: primeiro só água de canja de galinha, depois um bocadinho de chá. Hoje um pouquinho de pão torrado e amanhã arroz e bifinho de frango grelhado. E eu que só me lembro das bolachas Maria….!!!

Sei que já estive mais longe. Sei que aos pouquinhos vou voltar a sentir-me melhor para poder voltar a casa.
Esse é o meu objectivo.  No caminho da CURA!

Tenho sete anos, feitos faz pouquinho e desde os quatro que conheço este hospital.
Por isso, aos que dizem que ser dador de medula dói, eu digo-lhes: vamos trocar? Eu troco com vocês e nem preciso pensar um pouquinho.
Sabem o que vos digo: SEJAM DADORES DE MEDULA E DEIXEM-SE DE TRETAS.
 
Beijos Grandes de Enormes da Cázinha

P.S. Apareço na Revista Lux desta semana :)

quarta-feira, 21 de março de 2012

Ainda no IPO...

Olá queridos amigos,
Ainda estou no IPO :(

Os últimos dias não têm sido fáceis... Por causa da quimioterapia e do tratamento que tive de ter para o transplante, o meu cabelinho começou a cair. Tive que o cortar, o que me deixou muito triste... Tive algumas febres mas já passou e os efeitos de alguns medicamentos deixam-me um pouco caidinha... 

Espero em breve poder ir para casa para que o meu sorriso volte rapidamente.

Deixo-vos um texto que a minha Tia C escreveu, que descreve um pouco o que tenho passado neste meu quarto 4x4... 

"Quando te olho Princesa e te vejo a passar por tudo outra vez, pergunto a alguns sábios que me elucidem.  

Quando te vejo Princesa, triste pela falta de cabelo e perguntas: mas o meu cabelo é mau? 

Quando gritas que queres desmaiar para não sentires as comichões impossíveis de suportar, quando não consegues dormir por duas noites seguidas. 

Quando te vejo a diarreia, e a falta de apetite, e as febres que não baixam.
Quando te sinto o corpo inchado que te distancia da coisa linda que és.  
Quando te olho Princesa e te vejo a passar por tudo isto outra vez, pergunto aos sábios que sabem coisas que não sei: Onde está a harmonia?

Vais passar mais este tropeção Princesa, porque a tua capacidade para ganhares forças, logo que as forças se aproximam é genuína e tua.

Mas como é que te explico que este mal estar e estas transformações, apesar de não parecerem, querem dizer que estás outra vez no Caminho da Cura?
Como te digo, porque sei, que vais encontrar e reconstruir uma vez mais a tua harmonia?

Das outras harmonias não me falem, ou então façam-me um favor: expliquem-me com desenhos, textos ou fotografias."
Beijinhos para vocês amigos

sexta-feira, 2 de março de 2012

2º Transplante de Medula Óssea

Nesta quarta-feira, realizei o meu segundo transplante com as células do meu dador. 
Está foto foi tirada após o mesmo, com a minha maninha Patrícia.
Continuo com o meu sorriso mágico. É mágico porque me ajuda sempre a ter força quando preciso. Mas por vezes fico tristinha por me ver enfiada novamente num quarto 4x4 sem ter liberdade para fazer o que bem me apetece. 
Mas com a vossa energia positiva, sei que vou ultrapassar mais este obstáculo e vencer de uma vez esta maldita doença.
NÓS ACREDITAMOS NA CURA. SEMPRE E SEMPRE E SEMPRE E SEMPRE!